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Dinopraça e STEAMovel: UFSM tem dois projetos aprovados em edital da Finep

Dois projetos da UFSM foram aprovados no edital do Programa de Praças da Ciência em Museus e Centros de Ciência e Tecnologia e Espaços Científicos Culturais da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O resultado foi divulgado recentemente e trouxe mais motivos para comemorar: o projeto “Dinopraça: Popularização da Ciência Paleontológica no Geoparque Quarta Colônia Unesco” foi o primeiro colocado entre 39 projetos aprovados de todo o Brasil, conquistando o valor máximo, R$ 300 mil. O outro projeto da UFSM selecionado, “STEAMovel: Educação Prática Itinerante em Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática”, receberá R$ 296.688,00. A UFSM foi a única instituição gaúcha a ter dois projetos aprovados pelo programa.
 
Pelo edital, cada instituição poderia inscrever um máximo de dois projetos. Na UFSM, a Pró-Reitoria de Inovação (Proinova), por meio do Núcleo de Prospecção e Valoração, divulgou chamada interna, sendo submetidas três propostas. A partir disso, um comitê de avaliação selecionou os dois projetos institucionais que foram inscritos e contemplados pela Finep. “Entendemos ser de grande importância a aprovação das propostas, pois prospectamos os editais buscando fomento à pesquisa”, avalia Cibele Couto, chefe do Núcleo de Prospecção e Valoração.
 
Além da Proinova, a Pró-Reitoria de Extensão (PRE) também deu suporte e apoio na elaboração de ambos os projetos.
 

“Dinopraça: popularização da Ciência Paleontológica no Geoparque Quarta Colônia Unesco”

 
O projeto intitulado “Dinopraça: popularização da Ciência Paleontológica no Geoparque Quarta Colônia Unesco” é uma iniciativa que visa à criação de um espaço com apelo lúdico, que objetiva contextualizar e popularizar a ciência paleontológica à população em geral, com destaque para as crianças. A proposta, aprovada em primeiro lugar dentre as 39 selecionadas pelo edital nacional da Finep, é resultado de uma parceria entre o Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (CAPPA), o Centro de Ciências Naturais e exatas (CCNE), a Proinova e a Subdivisão de Geoparques da PRE.

A participação no edital, que renderá ao projeto o valor máximo previsto, foi uma sugestão da Proinova e do Escritório do Geoparque Quarta Colônia, diante da noção da dificuldade enfrentada pelo CAPPA em suprir a demanda de atendimento ao público, devido ao grande volume de visitantes do Centro. Assim, viram a possibilidade de elaborar uma ideia que pudesse amenizar, ao menos de forma temporária, as dificuldades logísticas. O projeto foi concebido integralmente por servidores técnico-administrativos da UFSM, tanto do CAPPA quanto da Subdivisão de Geoparques. Porém, na fase de execução está prevista a participação de docentes e estudantes, além da colaboração de servidores do Colégio Politécnico e da Universidade Franciscana (UFN).

O local planejado para abrigar a praça é a área externa do prédio do CAPPA, em São João do Polêsine, e ainda não há estimativa de início da execução ou de prazo de entrega, pois depende de liberação e repasse dos recursos. A estrutura prevista inclui a instalação de equipamentos ao ar livre, que possam ser explorados pelas pessoas interessadas na paleontologia da região e nas atividades desenvolvidas pelo Centro. Segundo o paleontólogo do CAPPA e um dos responsáveis pelo projeto Flávio Pretto, “a ideia é criar painéis, instalar esculturas e mobiliário no espaço, que possam ser utilizados livremente pelos visitantes, sem a necessidade de guiamento”.

foto colorida horizontal com duas crianças de lado, brincando agachadas em um espaço de areia, com um homem adulto do lado, também agachado, e pessoas ao fundo olhando
Simulação de escavação durante o evento Paleodia, realizado anualmente no CAPPA (Foto: Arquivo)

As atividades propostas, que exploram características geológicas raras presentes no território do Geoparque Quarta Colônia Geoparque, formam um complexo pedagógico, de acordo com a servidora da Subdivisão de Geoparques da PRE, Giséli Duarte Bastos. Isso porque o espaço oferecerá propostas lúdicas e imersivas, como esculturas de animais que viveram no território há 230 milhões de anos, plantas relictuais que remetem à vegetação do período Triássico, elementos fósseis (lenhos petrificados) e simulação de escavações, através de uma caixa de areia permanente com réplicas de esqueletos dos fósseis coletados na região. “A ideia da proposta foi ‘aprenda ciência brincando e se divertindo nesse espaço’”, conta Giséli.

Um dos objetivos centrais do projeto, segundo Flávio, é dar continuidade ao trabalho de extensão universitária desenvolvido pelo CAPPA e pelo Geoparque, através da divulgação científica. Dessa forma, a instalação cumprirá dois propósitos primordiais: “oferecer um atrativo relacionado à paleontologia de vertebrados, com foco no território e nas pesquisas desenvolvidas recentemente, bem como direcionar a demanda dos visitantes para o espaço externo, diminuindo o fluxo de pessoas no interior do edifício do Centro por meio da oferta de uma alternativa atrativa à população. Outra ideia é que o espaço possa ser utilizado em conformidade com as atividades educativas realizadas pelas escolas da região”, explica Flávio.

O trabalho associado com as escolas é necessário, pois, para Gisele, existe uma carência de valorização e conhecimento, necessários para a preservar e conservar o patrimônio da região. Falta essa reforçada pela escassez tanto de materiais de apoio pedagógico para os professores sobre a temática, quanto na  compreensão da logística de funcionamento do CAPPA, que precisa comportar e receber um alto número de pessoas no espaço interno. Além do ambiente pequeno para receber os visitantes semanais, a demanda de atendimento ao público torna-se um desafio ainda maior por estar atrelada às atividades de pesquisa desenvolvidas pelo Centro, referência na área paleontológica.

Apesar dos obstáculos advindos da alta demanda, o grande fluxo de visitantes representa o sucesso do trabalho do CAPPA em proporcionar serviços de educação científica e cultura para a comunidade. Assim, Flávio destaca que a continuidade desse trabalho é a essência do projeto da Dinopraça: “temos muito orgulho em ver a pesquisa científica desenvolvida na UFSM capturando o interesse das pessoas, e temos, desde a fundação do CAPPA, trabalhado para atender da melhor forma possível as demandas da comunidade”.

Para que chegasse ao reconhecimento nacional, primeiramente a pesquisa paleontológica recebeu grande atenção da Universidade, por meio, principalmente, dos Geoparques. Esse incentivo ao trabalho realizado na área foi um dos fatores enumerados por Flávio para justificar a conquista da aprovação, mas não o único: “temos uma temática bem definida, que possui grande apelo científico. As demandas que temos encaixam muito bem com a proposta do edital, o que também favoreceu a aprovação. Mas, sobretudo, esse resultado se deve ao esforço da equipe. São anos de bastante trabalho, de uma equipe interdisciplinar e bastante focada”.

A pró-reitora Adjunta da PRE, Jaciéle Sell, fez parte desta equipe multidisciplinar, dando suporte na elaboração e na escrita da proposta. Para ela, iniciativas de fomento a projetos extensivos, como o edital Finep, são de suma importância por diversas razões. “É a qualificação de espaços de popularização da ciência e do conhecimento. É um investimento conquistado através do conhecimento, com propostas sérias e bem elaboradas tecnicamente, por meio da ampla concorrência, e é mais uma maneira de abrirmos as portas da Universidade para a comunidade”, afirma.

Além disso, Flávio destaca que, em um cenário em que recursos são sempre necessários para atender demandas da comunidade e da própria academia, cada projeto aprovado colabora. Porém, mesmo o valor indicado pelo edital sendo suficiente para suprir a estrutura proposta, a Dinopraça deve contar com o apoio financeiro de empresas privadas para eventuais melhorias e para manutenção. O auxílio de entidades externas era um dos requisitos exigidos pelo edital e, apesar de já contar com a intenção de colaboração de duas empresas, Flávio lembra que a busca por complementos em projetos como este é contínua, mas cada passo já é uma conquista. “A aprovação de projetos como esse e outros tantos que temos desenvolvido demonstra o potencial de nossa Universidade e a competência de seus servidores”, completa.

imagem colorida horizontal de um projeto gráfico de como será o container, azul, com detalhes coloridos, mesas do lado, com acesso por rampa, mesa e painel do lado de fora, e pessoas representadas por silhuetas em preto do lado de fora
Projeto do container do museu itinerante

 

“STEAMovel: Educação Prática Itinerante em Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática”

 

O projeto “STEAMovel: Educação Prática Itinerante em Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática” consiste em um museu itinerante de ciência, tecnologia, engenharia, arte e matemática (STEAM, do inglês science, technology, engineering, arts, mathematics), instalado em um container para visitas a escolas e eventos. Com a aprovação pela Finep, a proposta de um ambiente móvel de aprendizagem prática nestas áreas deverá se consolidar, potencializando seu alcance entre crianças e jovens de toda a região.

O coordenador do projeto, professor Macklini Dalla Nora, do Centro de Tecnologia (CT), explica que, no museu itinerante, os visitantes poderão interagir com atrações que consolidam conhecimentos científicos e tecnológicos a partir do contato físico. Dentre alguns dos experimentos iniciais estão uma caixa de areia em realidade aumentada, para o entendimento sobre topologias; experimentos com objetos em movimento, como pêndulos simples e planos inclinados; e demonstrações matemáticas para a compreensão de formulações geométricas básicas. Além disso, o espaço disponibilizará oficinas “maker“, para as quais já foram adquiridos dispositivos eletrônicos e outros materiais para a construção de protótipos. Estes experimentos interativos são inspirados em museus de ciência e tecnologia europeus e norte-americanos, e são oferecidos no Brasil em locais como o Museu de Ciência e Tecnologia da PUC/RS e o Museu Catavento, em São Paulo.

A ideia surgiu há cerca de dois anos, segundo Macklini, sendo uma ação conjunta do CT e da Pró-Reitoria de Extensão (PRE). Em 2022, o projeto STEAMovel foi submetido à apreciação da Secretaria da Cultura de Santa Maria e aprovado para captação pela Lei de Incentivo à Cultura (LIC) em 2023. Estes recursos, no valor de R$ 60 mil, além do apoio da PRE e do CT, têm sido fundamentais para a adequação do container piloto e construção das primeiras atrações.

A proposta original, enviada à Finep, prevê a construção de duas unidades STEAMovel, com pelo menos 15 atrações científicas cada uma. O prazo de execução do projeto será de 32 meses. O repasse pela Finep dos R$ 296,6 mil aprovados deve ocorrer ao longo deste período. A expectativa é visitar as primeiras escolas a partir da metade de 2025. “Graças ao suporte provido pela UFSM e LIC/PMSM, já vislumbramos, ainda em 2023, alguns caminhos que funcionam de maneira satisfatória, o que agilizará a execução daquilo proposto à Finep”, afirma Macklini. A estratégia de criar um museu de C&T no interior de um container torna o projeto modularizado, de modo que possa ser expandido à medida que recursos financeiros são captados.

“A ideia de um museu de ciência e tecnologia na UFSM não é nova. Na verdade, quando o Planetário foi concebido, o professor José Mariano da Rocha Filho já vislumbrava a construção de um espaço de popularização de C&T nos moldes dos grandes centros europeus. A UFSM tem diversas frentes de trabalho já consolidadas na divulgação científica, e esta é apenas mais uma proposta de expansão do conhecimento além do Arco”, relata Macklini, destacando que, num país em que ciência e tecnologia não recebem o destaque necessário, toda e qualquer ação de difusão e popularização de C&T é bem-vinda. “Temos noção das dificuldades logísticas que impedem o acesso de grande parte da população a museus tecnológicos e, por isso, ações itinerantes, como esse museu-container, ainda que disponha de um acervo reduzido em virtude de seu tamanho, tem um razoável potencial de disseminação científica”, afirma.

O professor também destaca que a aprovação do STEAMovel pela Finep é resultado de um trabalho conjunto de docentes, técnico-administrativos, alunos e membros da comunidade. “Foram dezenas de respostas negativas de diversos editais, o que tornou o projeto STEAMovel gradativamente lapidado até esta aprovação. A UFSM ganha em ter mais um projeto a se consolidar. A sociedade cresce, por tornar ciência e tecnologia cada vez mais acessíveis”, salienta Macklini.

Texto: Júlia Weber, acadêmica de Jornalismo e voluntária da Agência de Notícias, e Ricardo Bonfanti, jornalista

 

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