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Alunos de Cachoeira do Sul constroem catapultas medievais em projeto da Engenharia Mecânica

Catapultas projetadas e produzidas por integrantes do projeto

O Campus da UFSM em Cachoeira do Sul conta com um projeto diferente e inovador: a construção de catapultas medievais, e posteriormente uma competição entre equipes. O objetivo é desenvolver a capacidade de trabalho em equipe (característica essencial para futuros engenheiros), além de colocar em prática conhecimentos de teorias matemáticas, como cálculos que mostrem teorias de balística – ciência que estuda o movimento, comportamento e efeitos de projéteis lançados por armas – e resistência dos materiais. Os alunos constroem as catapultas utilizando martelo, serrote, pregos, parafusos, tocos de madeiras, aço e polímeros.

Sobre o projeto

Coordenado pelo professor Juan Galvarino Cerda Balcazar (que também é coordenador do curso de Engenharia Mecânica), o projeto foi idealizado na disciplina de Introdução à Engenharia Mecânica em 2015, e ocorre semestralmente e de acordo com a demanda de interesse. No começo, os participantes eram apenas os alunos de Engenharia Mecânica, mas atualmente qualquer estudante interessado pode se inscrever. Neste ano, a atividade ocorreu no Viva o Campus, no dia 21 de abril, e contou com três equipes competindo. Cada equipe pode ter no máximo cinco integrantes.

De acordo com Juan, o projeto foi baseado em ideias primárias da engenharia. “Diversos pesquisadores da área de engenharia tinham como meta realizar projetos de armas, como catapultas, aríete, espadas, arco e flecha, dentre outros equipamentos. Pensei em algo que fosse visualmente atrativo, chamasse a atenção e englobasse conceitos básicos de projeto”, explica o professor. Ele ainda conta que os resultados atingidos pelos projéteis lançados pelas catapultas são bem diversos, variando de 30 a 100 metros de distância. As catapultas em si possuem cerca de 1,5 metro de altura, largura e comprimento, e os projéteis utilizados são bolas de tênis, padrão para todos os participantes.

Enzo Reghelin é aluno de Engenharia Mecânica, e conta que começou a participar do projeto em 2023, quando estava no 2º semestre do curso. “Veio o anúncio do projeto de catapultas medievais, que por si só já é muito legal, mas alguns professores incentivaram com um pontinho em algumas disciplinas que tinham relação. Foi ali que começamos a pensar na estrutura mais otimizada e com quais materiais que conseguiríamos fazer a catapulta. Construímos do zero, com uma mínima noção de estruturas, resistência dos materiais, mas deu certo e vencemos a primeira edição que participamos.” Enzo comenta que, além de participar com frequência, ainda divulga a atividade para alunos de outros cursos.

Relevância da competição para os estudantes

Luan Pastuchenko, aluno do mesmo curso, atua em todo o processo de organização do evento, incluindo a regulamentação, inscrições, divulgação nas redes sociais, auxílio no acesso a ferramentas, organização do espaço e também na banca da competição. Ele explica que nunca participou de fato da atividade, mas que auxiliar no planejamento também contribui para sua experiência como estudante. “Principalmente na integração com os demais alunos, mas também ajudou a ter um maior senso de organização e responsabilidade, afinal no dia da competição não tem como tentar corrigir algo que não foi previamente planejado.”

Sobre a importância do projeto, o coordenador Juan destaca que “a gestão de pessoas, de projetos, de tempos de produção, da inteligência emocional… Tudo isso é trabalhado quando tiramos os discentes da zona de conforto e colocamos os mesmos para realizar um projeto simples, mas com diversas peculiaridades”. Luan compartilha ainda que a atividade impacta alunos em diferentes momentos do curso. “Acho que é fundamental para motivar a permanência no curso. Alunos mais avançados participam para aproveitar o período da graduação ou ter a experiência que não conseguiram anteriormente, e alunos mais novos começam a pôr em prática alguns fundamentos básicos vistos em aula para conseguir melhorar a eficiência do protótipo criado, afinal é uma competição”, comenta.

Para Enzo, a possibilidade de aplicar conhecimentos de sala de aula na prática é uma grande oportunidade que a competição proporciona. “O projeto contribui bastante na minha concepção real de engenharia mecânica aplicada. A cada semestre que passa, você vai vendo cada vez mais a fundo como as coisas funcionam, e isso estimula a nossa criatividade e incentiva a pensar na resolução de problemas que iremos encontrar no futuro”, relata o aluno.

A competição ainda não tem previsão de ocorrer neste semestre, mas os alunos adiantam que a expectativa para a próxima edição é que o público externo também possa participar.

Texto: Giulia Maffi, estudante de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias

Fotos: arquivo pessoal de Luan Pastuchenko

Arte gráfica: Daniel de Carli

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