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Estudo apresenta as mais antigas evidências de brigas entre dinossauros

Fóssil de Gnathovorax cabreirai, um herrerassaurídeo com lesões ósseas preservadas no maxilar (foto: Rodrigo Temp Müller)

Paleontólogos da UFSM publicaram nesta quarta-feira (26) um estudo no periódico científico The Science of Nature onde apresentam evidências de que os primeiros dinossauros carnívoros de grande porte brigavam entre si.

Os pesquisadores encontraram marcas de lesões ósseas cicatrizadas em crânios fossilizados de dinossauros escavados no Brasil e na Argentina. As lesões indicam que esses dinossauros teriam se envolvido em disputas agressivas, possivelmente por comida, território ou parceiros. A pesquisa foi realizada pelo estudante de doutorado Maurício Silva Garcia, do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal da UFSM, sob supervisão do paleontólogo da UFSM Rodrigo Temp Müller. Além disso, também contou com a colaboração do paleontólogo argentino Ricardo Martínez, da Universidad Nacional de San Juan.

Durante a pesquisa, foram examinados fósseis de herrerassaurídeos, um grupo de dinossauros predadores que viveu há cerca de 230 milhões de anos. Com garras longas e dentes afiados, alguns herrerassaurídeos poderiam ter ultrapassado 6 metros de comprimento. Estes dinossauros são alguns dos mais antigos já descobertos e são importantes para se entender a origem e evolução inicial do grupo. De acordo com os resultados do estudo, quase metade dos crânios analisados apresentava sinais de ferimentos cicatrizados, sugerindo que esses dinossauros mordiam uns aos outros durante confrontos. Essas lesões representam a evidência mais antiga conhecida de confronto intraespecífico entre dinossauros. Este comportamento é observado de forma semelhante em diversos animais que vivem atualmente, especialmente crocodilianos.

Análises minuciosas dos fósseis revelam que as marcas não foram causadas após a morte do animal ou por outros predadores. Em vez disso, elas demonstram sinais de cicatrização, o que indica que os ferimentos ocorreram enquanto os dinossauros ainda estavam vivos. Estudos prévios também já reportaram esse tipo de comportamento em dinossauros que viveram em períodos posteriores, como o Tyrannosaurus rex, mas esta é a primeira vez que tais evidências foram encontradas em dinossauros do período Triássico. Isso revela que o comportamento de disputas territoriais e hierárquicas pode ter surgido já durante o início da evolução dos dinossauros.

Dois Gnathovorax se enfrentam em uma paisagem triássica do sul do Brasil há 230 milhões de anos (ilustração: Caio Fantini)

O estudo destaca como a análise de patologias em fósseis pode ajudar em um melhor entendimento da origem e evolução do comportamento em dinossauros. Essas marcas oferecem pistas sobre como essas criaturas interagiam milhões de anos atrás, logo no início da evolução dos dinossauros, oferecendo uma janela para entender o comportamento e a ecologia desses animais extintos.

Cappa – Os restos fósseis de um dos dinossauros estudados, o Gnathovorax cabreirai, assim como uma série de outros achados, estão depositados no Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (Cappa) da UFSM, que fica localizado no município de São João do Polêsine, integrante do Geoparque Quarta Colônia Unesco. No centro de pesquisa há uma exposição de fósseis que pode ser visitada sem custo.

O artigo intitulado Craniofacial lesions in the earliest predatory dinosaurs indicate intraspecific agonistic behavior at the dawn of the dinosaur era (“Lesões craniofaciais nos primeiros dinossauros predadores indicam comportamento agonístico intraespecífico no início da era dos dinossauros”) pode ser acessado aqui.

A pesquisa recebeu apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Paleovert.

Texto: Cappa

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