Um exemplo de inovação e intercâmbio científico. Essas características definem o Hub.Doc, iniciativa oficialmente lançada na tarde desta terça-feira (23), no Salão Imembuí da UFSM, que busca impulsionar a pesquisa científica sobre arquivos por meio da transdisciplinaridade.
Coordenada pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com participação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) e do Arquivo Nacional, a iniciativa prevê a criação de produtos inéditos e acessíveis que geram novos e inovadores protocolos de recuperação de acervos atingidos por inundações, ou demais situações de vulnerabilidade, por meio da união de pesquisadores e profissionais de diversas áreas científicas.
Autoridades prestigiaram o lançamento
O lançamento iniciou com a manifestação de Débora Flores, diretora do Departamento de Arquivo Geral (DAG) da UFSM e coordenadora do Hub.Doc, que relembrou o dano causado pelas enchentes de 2024 no acervo da universidade. A coordenadora também reconheceu o apoio da reitoria da UFSM na resposta emergencial de recuperação e destacou a dimensão internacional da operação de congelamento de arquivos realizada na UFSM. “Aquela crise exigiu uma nova estrutura de pesquisa que antes era inexistente. Não somos um único projeto, o hub é uma composição de vários. Temos em torno de 150 pessoas vinculadas a mais de 30 cursos diferentes”, contou.
Para a professora da UFRGS Leolíbia Linden, coordenadora do hub em Porto Alegre, um dos aspectos que merecem destaque é a cobertura geográfica da iniciativa. “Assim como na UFSM, vários arquivos da capital gaúcha também foram afetados. Então, é importante que essas instituições saibam como tratar os seus acervos. Essas parcerias entre instituições ajudam a ampliar o raio de atuação do Hub.Doc”, apontou.
Na perspectiva da diretora do Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul, Carla Vargas Segatto, os conhecimentos científicos desenvolvidos no Hub.Doc serão necessários para a formação dos profissionais do futuro. “Na minha formação, nós não tínhamos algo que ensinasse a lidar com os contextos climáticos atuais. O hub faz a diferença na preservação do futuro, já que o cuidado e a ciência produzida com esses documentos garantem direitos e a memória da sociedade”, comentou Carla.
Segundo a vice-reitora da UFSM, Martha Adaime, a iniciativa representa a força total das equipes responsáveis pelos arquivos. “É lindo ver essa criação de laços entre as instituições que fazem parte do Hub.Doc para tratar de ensino, pesquisa e extensão e, também, promover a preservação da história documental”, disse.
A vice-reitora ainda relembrou que, na época da crise climática em maio de 2024, “diversas pessoas falaram que estávamos perdendo tempo carregando aquelas caixas. Mas, hoje, o surgimento dessa iniciativa prova o contrário”, acrescentou Martha.
Pró-reitores, servidores, docentes e estudantes da UFSM e UFRGS, que integram o Hub.Doc, também prestigiaram o lançamento.
A construção da identidade do Hub.Doc
Durante o lançamento, a identidade visual do hub, desenvolvida pelo professor da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico) da UFRGS Francisco Santos, foi divulgada ao público. De acordo com ele, a construção da marca baseou-se nos valores da iniciativa. “Pensamos em algo relacionado à ideia de pensar fora da caixa. Uma questão de incentivo à inovação e criatividade”, explicou.
De maneira didática, Francisco explica que o hub representa um ponto central que conecta o conhecimento. “A caixinha representa esse elemento muito utilizado no mundo da arquivologia e o ponto representa a conexão que o hub faz”, contextualizou o designer.
Como surgiu o Hub.Doc?
O surgimento da iniciativa está atrelado à catástrofe climática que acometeu o Rio Grande do Sul em 2024. Na época, 12 mil caixas do acervo de documentos históricos da UFSM foram submersos pelas enchentes. Para além da universidade, mais de 100 arquivos públicos também foram atingidos, segundo o Governo do Estado.
Esse contexto culminou na criação do Transdoc, um espaço transdisciplinar de pesquisas e práticas em restauração e preservação de arquivos desenvolvido pelo DAG da UFSM. Essa iniciativa enquadrou-se como a primeira estrutura brasileira dedicada à recuperação emergencial de documentos prejudicados pela catástrofe.
Com isso, a falta de um centro especializado em pesquisas sobre arquivos revelou lacunas graves no âmbito nacional. Tendo essa carência em mente, somada à operação de recuperação emergencial, nasceu o Hub.Doc.
Daqui para o futuro
De acordo com Débora, o hub também surgiu da noção de que o impacto de um arquivo não pode ser medido a curto prazo. “A perda de um arquivo afeta o futuro. Quando um cidadão precisar acessar uma informação e ela não for localizada, haverá problemas. O Hub.Doc deve mostrar que os arquivos são importantíssimos para a preservação da memória e dos direitos de cada cidadão”, observa.
A coordenadora ainda frisou que o hub buscará formalizar outras parcerias a fim de estabelecer uma melhor estrutura física e de equipe, tendo em vista a alta demanda. “Um dos nossos próximos passos é capacitar o maior número de pessoas que possam se conectar com as ações do hub”, revelou.
Atualmente, a iniciativa também tem recebido apoio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Banco Central do Brasil, Prefeitura Municipal de Dona Francisca, Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério da Saúde, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb) e Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM).
Acompanhe o Hub.Doc
Os avanços relacionados ao Hub.Doc e as iniciativas que serão desenvolvidas podem ser acompanhados pelo site e redes sociais do projeto:
Site: hubdoc.ufsm.br
Instagram: @hubdoc.gov.br
Facebook: /hubdoc.br
LinkedIn: @hubdocgovbr
Youtube: @hubdocufsm
Texto: Pedro Moro, estudante de Jornalismo e bolsista na Agência de Notícias
Fotos: Jessica Mocellin, estudante de Jornalismo e bolsista na Agência de Notícias
Edição: Lucas Casali
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