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Com projeto arrojado, Colégio Politécnico da UFSM é pioneiro ao implantar o novo Ensino Médio

O Colégio Politécnico da UFSM elaborou um projeto político-pedagógico considerado arrojado. A proposta atende à Lei 13.415/2017, que entrou em vigor neste ano, ampliando a carga horária e tornando mais flexível a grade curricular. O Politécnico foi pioneiro ao implantar as inovações ainda em 2021, e o novo Ensino Médio já é uma realidade para os estudantes ingressantes no Colégio a partir daquele ano. As mudanças já são bem avaliadas.

Os estudos para a implementação, a fim de cumprir a legislação e exigências previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), foram iniciados pelos professores e Departamento de Ensino do Colégio em 2018, e intensamente discutidos e debatidos em 2020, com a elaboração coletiva de um projeto pedagógico próprio e adequado à proposta do governo.

Novas disciplinas

“Antes tínhamos a matriz curricular constituída pelas disciplinas tradicionais do Ensino Médio. Com a mudança, o novo currículo divide-se em dois segmentos: a Formação Geral Básica, com as disciplinas tradicionais, e o Itinerário Integrado, em que nossa escola oferta disciplinas novas, como ‘Linguagens e suas Tecnologias’, ‘Matemática e suas Tecnologias’, ‘Ciências Humanas e Sociais Aplicadas’, ‘Ciências da Natureza e suas Tecnologias’, ‘Projetos Colaborativos’, ‘Conversações Contemporâneas’, ‘Pensamento Computacional’ e ‘Projetos de Vida'”, explica o coordenador do Ensino Médio, professor Rodrigo Rozado Leal.

A disciplina de “Projetos de Vida”, por exemplo, visa oportunizar ao estudante uma reflexão sobre seu próprio desenvolvimento, sua trajetória até o momento e traçar objetivos presentes e futuros, identificando aspirações e oportunidades, inclusive relacionadas ao mundo do trabalho, que orientem escolhas, esforços e ações em relação à sua vida pessoal, profissional e cidadã. Também visa utilizar estratégias de planejamento, organização e empreendedorismo para estabelecer e adaptar metas, identificar caminhos, mobilizar apoios e recursos, de forma a realizar projetos pessoais e produtivos com foco, persistência e efetividade. Disciplina específica da 3ª série do novo currículo, “Projetos de Vida” ainda não foi implementada. Atualmente, duas turmas do Politécnico estão no novo currículo. A atual turma do 3º ano está concluindo pelo currículo antigo.


Itinerário Integrado

No Colégio Politécnico, os estudantes não escolhem uma área específica para aprofundamento, já que o currículo propõe uma abordagem que inclui todas elas no Itinerário Integrado, objetivando desenvolver nos estudantes a capacidade de aplicação dos conhecimentos das diferentes áreas em uma diversidade de contextos.

“Essa foi uma escolha do grupo docente e gestor, já que dessa forma o Colégio não abre margem para possíveis perdas nos estudos pelos alunos, especialmente porque muitos deles não sabem que área e caminho profissional escolherão ao sair do Ensino Médio”, justifica Rodrigo. Outro ponto considerado foi que a mudança de currículo abriu espaços de colaboração e atuação de outros docentes do Colégio, que atuam em distintas áreas dos eixos técnicos e tecnológicos, especialmente no desenvolvimento de projetos de iniciação científica pelos alunos do novo Ensino Médio.

“Os alunos do Colégio, nesse nível de ensino, não estudam educação profissional, mas somente o Ensino Médio. Com esses estudantes, a Instituição tem o compromisso de ofertar uma educação integral, que busca o desenvolvimento humano global e em múltiplas dimensões: física, afetiva, cognitiva, socioemocional e ética”, ressalta o coordenador.

Assim, os processos educativos passam a considerar o desenvolvimento completo do aluno, em todas as suas dimensões, formando cidadãos responsáveis, autônomos e conscientes. Esta versão da educação, como observa Rodrigo, se sustenta na centralidade do estudante, no sentido de que ele é o foco principal; na aprendizagem permanente, contemplando todas as dimensões da formação dos sujeitos; na perspectiva inclusiva, que reconhece as singularidades e as diversidades dos sujeitos e, na gestão democrática, no sentido de que os compromissos com o processo educacional devem ser partilhados com todos os integrantes da comunidade escolar.


Projeto com base na realidade vivida

Para o coordenador do Ensino Médio do Politécnico, as mudanças propostas na reforma, em âmbito nacional, carecem de uma discussão mais ampla e incisiva com a sociedade e de uma participação mais efetiva dos docentes do país inteiro. No entanto, a proposta construída pelo Colégio não repetiu estes equívocos, e sintetiza uma construção a partir da realidade vivida, que contemplou a escuta dos estudantes e o debate entre os docentes.

“Assim, priorizamos o nosso aluno, não privando-o de acessar diferentes áreas do conhecimento, mas proporcionando um trabalho que consolide e aprofunde os conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental, garantindo a preparação básica para o trabalho, cidadania com criticidade e autonomia, e continuidade dos estudos em diferentes níveis de ensino pós-médio, seja qual for a área de interesse”, afirma Rodrigo.

Pioneirismo e aprovação

De forma oficial, o Ensino Médio do Colégio Politécnico foi pioneiro no Rio Grande do Sul ao implementar a proposta do novo Ensino Médio ainda em 2021, enquanto algumas poucas escolas da rede estadual foram escolhidas como escolas-piloto para testarem propostas de currículo por itinerários. Foi somente neste ano de 2022 que as redes pública e particular vêm implementado suas propostas.

O pioneirismo do Politécnico já se reflete em resultados positivos. “Sobre a avaliação do nosso primeiro ano de currículo novo, o grupo docente não teve dúvidas de que a escolha de um itinerário integrando todas as áreas foi a melhor escolha”, destaca Rodrigo. O feedback tem sido positivo por parte dos alunos e das famílias, embora o início tenha sido um pouco complicado, até que as mudanças e seus objetivos fossem melhor compreendidas.


Depoimentos de alunos:

“Estamos cursando pelo novo itinerário de Ensino Médio. Eu acredito que as adaptações que o Colégio fez, as mudanças de itinerário e as aplicações, por exemplo, de pensamento computacional, que não era obrigatório, foram medidas boas. Para todo mundo que entrou era algo novo, então era realmente confuso no começo, mas depois a coisa andou e fez sentido, a gente começou a entender como funcionava. A gente tem períodos de área, tem dias que a gente está tendo aulas de linguagem, aulas de ciências humanas, aulas de ciências naturais, a gente tem as matérias e o Colégio adaptou de uma forma para que a gente não perdesse carga horária, e os alunos não tivessem que optar por mais de uma área ou de outra, que era uma das ideias originais do projeto, que o Colégio não achou interessante para o desenvolvimento do aluno, e eu concordo. Acho excelente que a gente tenha todas as matérias, tenha todas as cargas horárias normais. Acho que o Colégio adaptou muito bem dentro da proposta do MEC”. Athos Salbego, aluno do segundo ano do Ensino Médio

“Para mim, o novo Ensino Médio foi algo totalmente novo, porque eu já tinha feito meu primeiro ano, fiz totalmente normal. Então, quando cheguei aqui, foi uma coisa totalmente nova, com os itinerários, principalmente Ciências Humanas. Eu sou uma pessoa que gosta bastante de Ciências Humanas, então, para mim, foi diferente, achei legal. A gente às vezes não tinha muito tempo para estudar, mas deu tudo certo. Nós temos projetos colaborativos, já tinha antes, mas foi implementado no itinerário, eu achei uma coisa super legal, porque a gente pode ter esse tempo para estudar outras coisas, criar um projeto do zero, em algo que a gente gosta”. Aline Marques, aluna do segundo ano do Ensino Médio

Texto: Ricardo Bonfanti, jornalista, e Ana Laura Soares Iwai, acadêmica de Jornalismo, bolsista da Agência de Notícias
Fotos: Ana Laura Soares Iwai

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