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UFSM recebe primeira edição do Simpósio Nacional de Ensino de Física no Rio Grande do Sul

Foto colorida horizontal com pessoas sentadas em frente a computadores em uma sala de aula, elas aparecem de costas, as telas ligadas, e à frente um homem falando e um telão
Professor Márcio Marques Martins ministrou oficina de elaboração de vídeos didáticos com Inteligência Artificial

O Simpósio Nacional do Ensino de Física (SNEF), organizado pela Sociedade Brasileira de Física (SBF), é o maior evento da área de ensino de Física do país, com mais de 50 anos de tradição, ocorre desde 1970. Apesar de estar em sua 25ª edição, o evento chega ao Rio Grande do Sul pela primeira vez em 2023 em um formato inédito. Com a iniciativa de segmentar o evento por diversas partes do Brasil, cerca de 1.500 pessoas de oito cidades podem acompanhar mais de perto palestras, oficinas, mesas-redondas e debates sobre inúmeros assuntos emergentes na área da Física. 

A nova configuração do evento foi mais um dos reflexos deixados pela pandemia de Covid-19. Porém, neste caso, com um impacto positivo para os oito núcleos distribuídos pelo país, sediados em Manaus, São Luís, Caruaru, Juiz de Fora, Rio de Janeiro, Volta Redonda, Curitiba e Santa Maria. Segundo o professor do Instituto de Física da Universidade do Rio Grande do Sul (UFRGS) Dioni Pastorio, “o período pós-pandêmico trouxe muitos desafios, como a volta dos eventos presenciais em nível acadêmico, por isso, pela primeira vez, o evento acontece no formato multi-sede”. 

O núcleo do Rio Grande do Sul, que contou com mais de 100 inscritos, foi organizado por uma parceria entre o Departamento de Física da UFSM e o Instituto de Física da UFRGS, dois importantes centros de referência em estudos da área no Brasil. “A UFRGS é uma das pioneiras no país, com um programa de Pós-Graduação no Ensino de Física. A UFSM mantém dois programas, um de Pós-Graduação no Ensino de Ciências e outro de Ensino de Física e Educação Matemática, que também colaboram com esse evento. Então, para a comunidade santa-mariense, é um momento ímpar, pois consolida e mostra a importância de discutir temáticas, que são de pesquisa e também de ensino de Física”, destaca Pastorio.

Oportunidades para o ensino

Graduado e pós-graduado pela UFSM, Dioni não vem apenas para participar do Simpósio, mas também revisitar e retribuir à Instituição em que se especializou. “Voltar para cá é sempre importante. É como se pudesse dar uma devolutiva para a comunidade santa-mariense, trazendo esse evento de ensino de Física”, disse. Além de possibilitar, muitas vezes, o primeiro contato com a pesquisa para alunos de graduação e consolidar pesquisadores de diferentes áreas e instituições, que trazem as suas pesquisas e suas temáticas de interesse, o impacto do evento não está restrito apenas ao âmbito acadêmico. 

foto colorida horizontal com pessoas sentadas em uma sala de aula, em frente a computadores. As pessoas aparecem de frente. De costas, em pé e falando a elas, um homem
Núcleo do Rio Grande do Sul contou com mais de 100 inscritos

A educação da região, de forma geral, também é beneficiada com a iniciativa, por meio da participação de professores da Rede Básica de Ensino e de autoridades da área, como o titular da 8ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) de Santa Maria, José Luis Viera Eggres. Sendo um momento de formação continuada, o evento se torna acessível, não apenas para quem participa, mas para a formação de estudantes da Educação Básica, impactados pelo aprimoramento na capacitação de seus professores.

Outra iniciativa pensada pela organização para viabilizar o acesso ao simpósio foi a gratuidade para assistir às atividades. Mesmo com a  exigência de pagamento para a obtenção dos certificados, de acordo com as normas da SBF, a comissão do núcleo liberou o acesso gratuito para fins informativos a todos os interessados .

Experiências para os acadêmicos

Para Andressa, estudante do 4º semestre de Física Licenciatura, o evento é uma oportunidade única. “É a primeira vez que temos esse simpósio, que é extremamente importante para o ensino de Física, aqui, tão próximo da gente. Normalmente é um evento bem caro e de difícil acesso, em outros estados”, observou. Ter o contato com profissionais renomados na área e poder absorver um pouco do conhecimento compartilhado ao longo dos três dias de evento, ainda mais como parte da comissão organizadora, é “maravilhoso”, segundo ela. A SBF ofereceu a oportunidade de alguns alunos participarem como membros da organização. 

Andressa participa também do Diretório Acadêmico da Física, convidado pelos organizadores para fazer a divulgação do evento dentro do próprio curso. No simpósio, ela auxiliou na orientação dos participantes, no deslocamento para as salas e contribuiu para tornar o evento mais acessível para as pessoas. A estudante associa a importância do evento para a divulgação científica. “Ainda mais nessa situação em que nos encontramos, do negacionismo, uma época bem nebulosa para a ciência, é imprescindível que existam eventos acessíveis como este, que agora foi aberto ao público em geral. Para a divulgação de fatos, para saberem o que a gente faz dentro da Universidade”, salienta.

O acadêmico do 2º semestre do mestrado no Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Ensino de Física (PPGEMEF) Daniel Becker destaca as temáticas debatidas no simpósio, todas relacionadas aos assuntos estudados no ensino de Física. “O mais interessante é o espaço que temos para conversar sobre vários assuntos. Quando estamos presos à Instituição, conversamos com os nossos colegas, com as pessoas que estão à nossa volta e com os professores que conhecemos. Um evento como esse é importante, pois conseguimos dialogar com outros professores, de outras instituições, e falar de assuntos que, às vezes, não dá tempo de falarmos nas disciplinas”, relata Daniel.

foto colorida horizontal com um homem de pé, com um telão pendurado em frente a um quadro negro, falando a um público que não aparece
Oficina de programação de microcontroladores ministrada por professor do Instituto Federal Catarinense

Atividades oferecidas para a comunidade

Uma das atividades oferecidas para os participantes na manhã de quinta-feira (9) foi a oficina de elaboração de vídeos didáticos com Inteligência Artificial, ministrada pelo professor de Físico-Química Universidade Federal do Pampa (Unipampa) do Campus de Bagé Márcio Marques Martins. Além de apresentar e explicar conceitos básicos de ferramentas de Inteligência Artificial, como o ChatGPT, o professor instruiu sobre a elaboração dos materiais audiovisuais e como utilizar a tecnologia de forma favorável no ensino. “Eu encaro ela [Inteligência Artificial] como uma aliada. Não tenho medo, mas devemos ter um certo receio dos maus usos”, destaca o professor. A segunda parte da oficina, que acontece na sexta-feira (10), é aberta aos interessados.

Outra atividade nesta sexta-feira, último dia de evento, destacada pelo professor Dioni Pastorio, é a mesa-redonda a ser integrada pelos professores Leonardo Albuquerque Heidemann (UFRGS) e Ítalo Gabriel Neide, da Universidade do Vale do Taquari (Univates), que discutirão a inovação no ensino de Física e o uso de tecnologias digitais nessa área. Além da palestra da convidada internacional do evento, a professora da Faculdade de Matemática, Astronomia e Física da Universidade Nacional de Córdova Laura Maria Buteler, que tratará da resolução de problemas do ensino de Física e concepções metodológicas de pesquisa.

A participação internacional também é motivo de comemoração, já que o núcleo do Rio Grande do Sul é um dos únicos, dos oito integrantes do simpósio, a contar com a presença de uma pesquisadora de fora do país. Pesquisadores de diversos estados e instituições também integram o quadro de palestrantes.

A programação completa do evento está disponível no site do Simpósio Nacional do Ensino de Física.

Texto: Júlia Maciel Weber, estudante de Jornalismo e estagiária da Agência de Notícias
Fotos: Ana Alicia Flores, estudante de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Edição: Ricardo Bonfanti, jornalista

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