O Programa de Geração de Renda e Qualidade do Pescado (Progeaqua) é um exemplo de projeto de extensão da UFSM que promove o desenvolvimento sustentável, fortalece a produção local e cria novas oportunidades de renda para famílias do meio rural. Selecionado pelo edital Proext-PG UFSM Além do Arco e coordenado pelo professor dos Programas de Pós-Graduação em Zootecnia e em Agronegócios da UFSM Rafael Lazzari, o Progeaqua capacita produtores de Santa Maria e região na área de piscicultura.
A seguir, confira a entrevista com o coordenador do projeto, na qual Lazzari discute o impacto social, a importância da extensão para a formação acadêmica e os desafios de integrar sustentabilidade e geração de renda.
Como o projeto visa impactar a sociedade?
O impacto desse projeto na sociedade está justamente na capacitação de produtores rurais de Santa Maria e da região na área de piscicultura. O objetivo principal é melhorar o conhecimento técnico desses produtores, para que possam produzir peixe de forma mais adequada, com maior eficiência econômica e ambiental. Isso vai resultar em uma maior geração de renda, o que é especialmente importante no cenário atual de crise climática, após as enchentes recentes. Nesse contexto, a produção de peixe é uma alternativa para que os produtores tenham uma maior renda e, assim, uma vida melhor. Esse é o principal impacto esperado para a sociedade e para os produtores da região de Santa Maria e da regional da Emater, que abrange 35 municípios.
Por que isso é importante?
A importância desse projeto é muito grande, pois, além do impacto que ele tem nos produtores rurais da região, trata-se de uma iniciativa multidisciplinar que envolve, por exemplo, questões de saúde pública, como o estímulo ao consumo de peixe, que é uma carne saudável e benéfica para a saúde. O projeto é essencial também para a formação dos nossos estudantes de graduação e pós-graduação, que terão a oportunidade de interagir com o mundo real, com a sociedade, com o sistema produtivo e com a realidade dos pequenos produtores da região. Eles vão conhecer as comunidades e as características sociais e econômicas desses produtores.
O projeto tem, ainda, uma importância econômica, pois o principal objetivo é capacitar e possibilitar uma geração de renda maior para os produtores. O projeto visa, justamente, promover o desenvolvimento social por meio da capacitação, de cursos, palestras e dias de campo, praticando, assim, a extensão universitária com foco no desenvolvimento regional.
Como participar de projetos de extensão influenciou a tua carreira?
Fazer extensão sempre foi, primeiro, uma forma de suprir uma realização pessoal: estar próximo do setor produtivo e das pessoas. Além disso, a extensão nos dá uma nova perspectiva de como planejar projetos de pesquisa, permitindo uma melhor compreensão de toda essa dinâmica. É uma experiência muito rica, pois a extensão molda como ensinamos em sala de aula e como realizamos pesquisas e outras atividades. Diria que o principal ponto dos projetos de extensão é a sensação de estar realmente próximo de uma realidade diferente, que pode ser local, regional ou nacional.
Acredito que não só os docentes, mas todos os estudantes de graduação e pós-graduação deveriam ter a experiência de participar de um projeto de extensão.
Por que graduandos e pós-graduandos deveriam participar de projetos de extensão?
Porque participar de projetos de extensão amplia a visão das pessoas, melhora a compreensão da realidade e, portanto, permite que os estudantes tenham uma formação de melhor qualidade. A interação com as pessoas e o treinamento de práticas de extensão vai desde aprender a falar em público, organizar pequenos eventos, até entender as diferentes realidades, como as que encontramos no meio rural da região, com municípios de contextos bastante diversos.
Qual é a importância de um edital como o Proext-PG para estimular a extensão na pós-graduação?
A importância do Proext-PG é fundamental, primeiro porque fornece recursos de bolsa e custeio para que nós, extensionistas, possamos levar a pós-graduação – os resultados das pesquisas – à comunidade, por meio da extensão,. Do ponto de vista institucional, obviamente um projeto de extensão bem financiado, como é o Proext-PG, também contribui para uma melhor avaliação dos nossos programas de pós-graduação. Na área de produção de peixe, por exemplo, pode ajudar a articular políticas públicas para o setor, incluindo novos projetos tanto de extensão quanto de pesquisa. O Proext-PG é, portanto, fundamental nisso, oferecendo o custeio mínimo para algumas ações e permitindo posteriormente a migração para outros projetos maiores.
Em 2026, quando finalizam os meses previstos para a execução do projeto, que mudanças você imagina que terão ocorrido nas comunidades apontadas como os principais público-alvo do projeto?
A grande expectativa que temos em relação ao final da execução dos projetos é conseguir, de fato, estimular e treinar os produtores para a produção de peixes, gerando mais renda nas regiões onde atuam. Acho que esse é o principal ponto. Se conseguirmos mobilizar os produtores, oferecer uma assistência mais adequada e propor alternativas dentro de suas realidades, estaremos no caminho certo.
A piscicultura, em vários locais do mundo, tem se caracterizado como uma produção animal sustentável e uma fonte de renda importante, mas, como todo sistema de produção, precisa de conhecimento e acompanhamento. O grande desafio do projeto será esse: envolver um número maior de produtores na atividade, de preferência atuando de forma sustentável, gerando mais renda e também cuidando do meio ambiente.
Texto: Milene Eichelberger, acadêmica de jornalismo
Revisão: Luciane Treulieb, jornalista
Ilustração: Evandro Bertol, designer
Aluata Comunicação e Ciência
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