Duas professoras da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) foram vencedoras do 17º Prêmio de Incentivo em Ciência, Tecnologia e Inovação para o Sistema Único de Saúde (SUS). As indicações haviam sido divulgadas em julho deste ano pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e a cerimônia de entrega dos troféus ocorreu na última terça-feira (2), no Centro Internacional de Convenções do Brasil, em Brasília. Entre as universidades indicadas, a UFSM foi a única instituição gaúcha premiada.
Marli Matiko Anraku de Campos, docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas e do Mestrado Profissional em Ciências da Saúde, conquistou o primeiro lugar na categoria Produtos e Inovação em Saúde com o “Teste Molecular Rápido para Tuberculose”. Já a professora Vanessa Ramos Kirsten, dos Programas de Pós-Graduação em Saúde e Ruralidade e em Gerontologia, recebeu o terceiro lugar na categoria Experiências Exitosas do Programa Pesquisa para o SUS, com o trabalho “Qualificação da Vigilância Alimentar e Nutricional: uma proposta de educação permanente em saúde para melhoria da qualidade da atenção à saúde nos municípios do Rio Grande do Sul”.
O Teste Rápido para Tuberculose
O Teste Rápido para Tuberculose é uma iniciativa do Laboratório de Micobacteriologia da UFSM, coordenado por Marli, e busca otimizar o diagnóstico e facilitar o tratamento da doença. Para a docente, a conquista do primeiro lugar representa o reconhecimento de um trabalho desenvolvido ao longo de sua carreira. “Esse teste pode contribuir para a saúde pública no Brasil. É muito positivo para a UFSM também, já que nós representamos a universidade em diferentes locais e eventos relacionados à saúde”, reforça. A pesquisadora acrescenta que “está aprimorando a tecnologia para facilitar a manutenção da metodologia utilizada”.
Apesar de o tratamento para tuberculose ser ofertado gratuitamente pelo SUS, a lentidão no diagnóstico ainda é um desafio. Em média, o tempo total entre o início dos sintomas e o início do tratamento é de 11 semanas, isso é causado por dois fatores: o atraso do paciente em reconhecer os sintomas e o atraso do próprio sistema de diagnósticos e consultas. Esses dados foram publicados em levantamento realizado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e pela Johns Hopkins University.
Marli destaca que a principal estratégia para o combate à doença é o início precoce do tratamento e, para ela, o Teste tem grande potencial. “Hoje em diaa, quando se suspeita de tuberculose, o protocolo é pedir um raio-X e a cultura do escarro. Esse segundo procedimento consiste em pegar a amostra e aplicar em um ambiente propício para o crescimento do bacilo, caso haja bactéria. Porém, esse crescimento demora em torno de 20 a 60 dias, o que é incompatível com as necessidades do paciente. O Teste surge como uma alternativa a esses métodos tradicionais”, explica.
A pesquisa sobre Qualificação da Vigilância Alimentar e Nutricional
A pesquisa conduzida por Vanessa iniciou em 2021, quando foi aprovada em edital de fomento do SUS. Conforme a docente, o recebimento do prêmio representa a valorização de uma temática que, muitas vezes, não recebe destaque entre as pesquisas. “Muitos trabalhos são voltados para tratamento e diagnóstico de doenças, o que é importante, mas a nossa pesquisa trata do processo de trabalho e do monitoramento da situação alimentar e nutricional da população brasileira”, explica.
A professora reforça que o trabalho premiado contribui para a instrumentalização no combate às problemáticas relacionadas à saúde nutricional. “As pessoas precisam registrar esses dados para identificarmos quais problemas existem nesse âmbito”, afirma. Sobre o desenvolvimento da pesquisa, Vanessa conta que os envolvidos realizaram chamadas públicas para que profissionais da saúde que atuam na vigilância sanitária compartilhassem suas experiências, além de desenvolver um chatbot para auxiliar esses trabalhadores “Recolhemos essas experiências, produzimos e-books e montamos um chatbot que tira dúvidas sobre os processos de trabalho de qualificação da vigilância alimentar e nutricional”, pontua.
Em relação às expectativas para o futuro da pesquisa, Vanessa revela que está sendo realizado um levantamento de dados sobre a vigilância alimentar dos municípios gaúchos, a fim de identificar quais têm interesse em aprofundar conhecimentos relacionados à temática nutricional. “Com esses levantamentos, estamos marcando capacitações. Queremos fazer isso em nível estadual, nas coordenadorias de saúde. Nossa expectativa para 2026 é essa: fortalecer a extensão e a capacitação”, reforça.
Sobre o Prêmio
O Prêmio de Incentivo em Ciência, Tecnologia e Inovação para o SUS é uma parceria do CNPq com o Ministério da Saúde com o objetivo de reconhecer o mérito de pesquisadores, professores e profissionais de todas as áreas do conhecimento cujos trabalhos tenham contribuído de forma relevante para o SUS, em consonância com a Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde.
O Prêmio é dividido em cinco categorias:
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Tese de Doutorado
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Dissertação de Mestrado
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Produtos e Inovação em Saúde
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Experiências Exitosas do Programa Pesquisa para o SUS
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Trabalho Publicado em Revista Indexada
Informações sobre próximas edições podem ser acompanhadas no site do Governo Federal.
Texto: Pedro Moro, estudante de Jornalismo e bolsista na Agência de Notícias
Fotos: arquivo pessoal de Marli Anraku
Edição: Mariana Henriques, jornalista
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