Neste domingo (23), os representantes da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) Ángel Hernandéz e Helga Chulepin chegaram em Porto Alegre para começarem sua trajetória analisando o projeto do Geoparque Quarta Colônia. Para o Geoparque Caçapava, localizado em Caçapava do Sul, os avaliadores estarão em território brasileiro de 6 a 10 de novembro.
No dia 25 de novembro de 2021, foi enviado para a Unesco, com o apoio da UFSM e da Unipampa, o pedido oficial para a certificação dos projetos de Geoparque de Caçapava do Sul e da Quarta Colônia. Em março deste ano, a solicitação foi acatada e, nos próximos dias, avaliadores da instituição mundial farão o processo final da pré-certificação.
Para uma região ter a chance de ser certificada pela Unesco, ela precisa, obrigatoriamente, ter uma singularidade geológica. De acordo com a chefe administrativa da subdivisão dos Geoparques da Pró-Reitoria de Extensão (PRE), Patrícia Ferreira, o território de Caçapava do Sul, por exemplo, tem como característica as rochas muito antigas. Já o da Quarta Colônia é famoso pelos fósseis de dinossauros encontrados em seu território. Patrícia também explica que, “além do principal, que é o patrimônio geológico, são avaliados critérios como o trabalho na comunidade, o envolvimento dos artesãos, o desenvolvimento turístico, a geração de emprego e renda e trabalho nas escolas”.
No Brasil, apenas três Geoparques já são certificados: no Ceará, o Geopark Araripe; o Geoparque Caminhos do Sul, que fica dividido em municípios do Rio Grande do Sul e Santa Catarina; e, no Rio Grande do Norte, o Geoparque Seridó. Por terem poucos exemplos, a coordenadora técnica em assistência educacional da subdivisão de Desenvolvimento Regional e Cidadania da PRE, Jaciele Sell, esclarece que é complexo entender como será o trabalho caso o resultado da visita seja positivo. “A gente tem pouca informação do que, de fato, acontece depois da certificação. Temos alguns estudos, trabalhos, de outros geoparques fora do país, mas ficamos sempre na dúvida se considera ou não, porque é uma outra realidade, outro mundo”, afirma.
Após o pedido de certificação do projeto de Geoparque ser enviado à Unesco, ele passa por uma análise e, caso aprovado, dois avaliadores são preparados para avaliar o território. Quando escolhidos, junto às datas, são encaminhados aos locais solicitados e analisam os pontos citados por Patrícia. Dessa forma, após o estudo os representantes da organização endereçam suas opiniões ao conselho da instituição e, se forem aceitos, recebem a declaração oficial.
Segundo o pró-reitor de Extensão, Flavi Ferreira Lisboa Filho, o envolvimento da UFSM no projeto dos Geoparque da Quarta Colônia e de Caçapava do Sul será muito benéfico tanto para Santa Maria quanto para as regiões, devido ao potencial turístico da certificação. “Se você pensa numa atração de turistas aqui para a região central do estado, você consegue pensar diferentes roteiros e potencializa muito mais a vinda dessas pessoas. Algumas poderão ficar hospedadas aqui em Santa Maria, que tem uma rede hoteleira, mais bares, restaurantes, uma vida noturna diferenciada, e fazer seus passeios durante o dia nesses municípios que são próximos, explorando essas questões que o patrimônio natural e cultural tem a oferecer. Nem todo turista vai querer ficar, por exemplo, em São João do Polêsine, ou em Nova Palma, ou em Pinhal, ou em Caçapava. Fica num centro maior. Todos esses municípios aqui da volta podem se beneficiar, se souberem tratar os seus atrativos turísticos também. Aí, a gente passa a vender a ideia da região como um todo”, contou o pró-reitor.
Sobre a importância da conquista, caso os Geoparques sejam aprovados, Flavi afirma que a UFSM tem a responsabilidade de desenvolver as áreas próximas, devido ao seu grande valor social na região. Desse mesmo modo, diz que a certificação auxiliará no desenvolvimento de todos os territórios envolvidos.
“A UFSM é uma Universidade socialmente referenciada e ela tem um compromisso com o desenvolvimento de toda essa área geoeducacional que ela abrange. Então, esse trabalho realizado junto à Unesco em busca da certificação desses dois territórios, Quarta Colônia e Caçapava do Sul, como Geoparques, servem para referendar todo esse trabalho que vem sendo incansável por parte da nossa Instituição na articulação junto com esses territórios em prol de um desenvolvimento mais desequilibrado. É um desenvolvimento econômico, social, humano, com conservação e preservação do patrimônio natural e cultural desses territórios. E esse trabalho dá margem para pensar numa outra proposta, mais ampla, para toda a região central do estado, envolvendo 37 municípios e uma população com mais de 750 mil cidadãos e cidadãs, que é a criação de um polo de geoturismo e cultura para a região central”, declarou o pró-reitor de Extensão.
Cronograma de visitas dos avaliadores no Geoparque Quarta Colônia
Dia 1 – Segunda (24)
10h30 – Ivorá – Cascata Cara de Índio Almoço I Fratelli Moro Monte Grappa – mostra dos produtos “Do Mato ao Prato” e Progredir Ivorá
14h30 – Dona Francisca – Comunidade Quilombola
16h30 – Faxinal do Soturno – São Pio e Mirante Cerro Comprido
19h30 – Faxinal do Soturno – Museu Geringonça e à Igreja São Marcos
Dia 2 – Terça (25)
8h – Faxinal do Soturno – Geossítio São Luiz
9h30 – São João do Polêsine – Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (Cappa)
14h – Restinga Seca – Recanto Maestro e Termas Romanas
15h – Restinga Seca – Estação Férrea de Restinga Sêca
17h – Agudo – Cerro da Figueira
18h – Agudo – Museu/Instituto Cultural Brasileiro Alemão e Casa da Charlote
Dia 3 – Quarta (26)
10h30 – Pinhal Grande – Escarpas Alagadas – visita embarcada na Usina Itaúba
14h – Nova Palma – Mirante da Barragem
16h – Nova Palma – Balneário Municipal Centro Cultural e Centro de Pesquisas Genealógicas
Dia 4 – Quinta (27)
8h – Santa Maria – Reunião com reitor da UFSM
Texto: Pedro Pereira, acadêmico de Jornalismo e bolsista da Agência de Notícias
Banner: Ana Alícia Flores, acadêmica de Desenho Industrial e bolsista da Agência de Notícias
Edição: Ricardo Bonfanti, jornalista
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