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Prêmio Tese UFSM: entrevista com Gabriela Luisa Schmitz

Gabriela Luisa Schmitz

Licenciada em Química e bacharel em Química Industrial, Gabriela Luisa Schmitz começou a trajetória na UFSM em 2012. Após concluir o curso de licenciatura em Química, em 2016, começou o mestrado e, simultaneamente, o bacharelado em Química Industrial. Tanto o mestrado quanto o doutorado foram na área de Educação em Ciências: Química da Vida e Saúde, oferecido pelo Programa de Pós-Graduação em Educação e Ciências (PPGECi), do CCNE. 

Gabriela se descreve como uma “apaixonada pela UFSM” e conta que foi muito bem recebida e acolhida pela Universidade. “Lá em 2012, eu vim de Lajeado, uma cidade bem menor que Santa Maria, não conhecia ninguém aqui, mas fui muito bem recebida pelas pessoas. Não existe nada que eu possa apontar que não tenha gostado na UFSM. Toda a estrutura, Restaurante Universitário, professores, foi uma experiência incrível”, relata. Além disso, ela conta que sua parte favorita da Instituição é o campus: “sempre digo que é o campus mais lindo”. 

Para Gabriela, os dez anos de UFSM ensinaram muito mais do que os conteúdos dos cursos em que se formou: “eu cresci muito aqui, não só aprendendo química e educação, no mestrado e no doutorado, mas em relação à coletividade também. Nós temos contato com pessoas muito diferentes de nós, vamos conhecendo realidades diferentes e crescendo. Eu sou muito diferente do que quando cheguei, resultado de todas as experiências que eu tive aqui dentro”. 

Os ensinamentos adquiridos em toda a década que integrou a Universidade ultrapassam a formação acadêmica, contribuindo também na formação como pessoa. Fora do ambiente acadêmico, Gabriela afirma ser “uma pessoa como todas as outras”, pois gosta de encontrar com os meus amigos, ler, assistir filmes, praticar alguns esportes, fazer ioga de vez em quando e viajar com amigos e família para conhecer outros lugares e pessoas. Tudo isso com o objetivo de “cuidar um pouco da mente e do corpo”. 

Com sua tese intitulada “A prática como componente curricular em cursos de licenciatura em Ciências Biológicas e em Química”, defendida em 2022 (sob a orientação do professor Luiz Caldeira Brant de Tolentino Neto), Gabriela recebeu a indicação à primeira edição do Prêmio Tese UFSM 2023, representando a categoria interdisciplinar, mas vinculada ao Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE).

A Agência de Notícias, vinculada à Coordenadoria de Comunicação Social da UFSM, conversou com Gabriela para saber um pouco mais sobre a pesquisa:

Você poderia explicar a sua tese e como surgiu o tema de pesquisa?

Meu trabalho se pautou em uma pequena parte da formação de professores, que se chama ‘prática como componente curricular’. Ela é uma forma criada para articular tanto a formação prática como a teórica de professores, para que a parte prática não seja apenas uma aplicação da parte teórica, mas para que elas caminhem juntas. Esta foi criada em 2002, mas desde então, existem algumas questões que não foram bem organizadas e trabalhadas, tanto com os professores quanto com os alunos que estão em formação. 

Então a nossa tese – digo ‘nossa’, pois tem meu orientador também, Prof. Dr. Luiz Caldeira Brant de Tolentino Neto – foi pautada na prática como componente curricular, como os professores a entendem e a avaliam e como os cursos a organizam. Além disso, eu trouxe um pouco também do meu curso, que é na parte da bioquímica, e nós investigamos seu potencial como uma área para desenvolvimento da prática como componente curricular. 

Eu fiz o mestrado com outro orientador, que era o professor João Batista Teixeira da Rocha, que trabalha e faz pesquisa na área de bioquímica. Então, eu trouxe todo essa bagagem que eu tinha lá do mestrado, para o doutorado. O professor Luiz Caldeira, que foi meu orientador do doutorado, trabalha bastante nessa questão de formação de professores e avaliações, então ele sugeriu para juntarmos essas duas áreas e trabalharmos com a prática como componente curricular e a bioquímica juntas.

Como foi o processo de produção e qual a maior dificuldade enfrentada durante o processo?

A minha tese foi toda realizada durante a pandemia. Eu comecei em 2018 e a qualificação e todo o restante aconteceu durante a pandemia. Estruturamos o trabalho com a ideia de fazer entrevistas, depois acabamos tendo que fazer tudo online. Foi bem trabalhoso, mas foi bem interessante, pois gosto bastante dessa área da pesquisa. Porém, é sempre difícil, afinal nós tínhamos pensado em fazer entrevistas. Eu trabalhei com três instituições, o IFFar de São Vicente do Sul, a UFSM e a UFRGS, com a ideia de ir até os professores e conversar com eles pessoalmente. Depois tivemos que fazer questionários online, tudo adaptado. A questão da pandemia dificultou até as orientações, nós não conseguíamos estar o tempo todo juntos para falar e realmente ir mais a campo. Acredito que tenha sido realmente o que mais dificultou.

Conte alguma curiosidade ou história do processo de trabalho

Eu acho que a coisa mais extrema foi realmente a pandemia, que exigiu a adaptação de toda a pesquisa e trabalho em casa. Por isso, não aconteceram muitas coisas, pois estávamos nessa situação. Mas, sempre há aquela expectativa de “vou conseguir? vai dar tempo?”, que é o normal.

Ao que você credita a escolha da sua tese para representar esta categoria?

Acredito que o tema, que é bem relevante. A minha tese é na parte de formação de professores, então é um tema que é bem latente na educação. Como a educação e a formação de professores têm sofrido bastante ataque, principalmente nos últimos anos, acredito que isso tenha influenciado na escolha. 

O que concorrer ao prêmio representa para você e qual a importância que você vê em premiações como essa?

Eu fiquei até surpresa. Participei do processo seletivo, mas nem imaginei que minha inscrição sairia do programa, então vai dando um orgulho. É uma coisa até curiosa, porque realmente não esperava. Eu acho que é um reconhecimento muito legal aos trabalhos que são realizados. A pesquisa brasileira sofreu muitos ataques, por isso, ter premiações como essa, traz um bom reconhecimento para o trabalho que, tanto os professores orientadores quanto os alunos de mestrado e, especificamente do doutorado, realizam. 

É importante até para que as pessoas reconheçam o trabalho que é feito, e que não acaba aqui dentro, é um resultado que vai para toda a sociedade. As contribuições do nosso trabalho são pequenas em relação a toda a sociedade, mas auxiliam. O meu trabalho vai contribuir com uma parte da formação de professores, mas isso vai resultar no que os filhos das pessoas vão ter na escola. 

É um reconhecimento muito legal, tanto para os alunos quanto para os orientadores, porque os trabalhos são, principalmente deles, já que eles que nos ajudam. Queria nos parabenizar, só de sermos finalistas já é incrível. Nos parabenizar pelo trabalho que tivemos durante quatro anos, talvez um pouco mais ou menos, pois depois de tudo que passamos dentro da pesquisa. Realmente queria agradecer a indicação e ao meu orientador.

Texto: Júlia Weber, estudante de Jornalismo e estagiária da Agência de Notícias
Edição: Ricardo Bonfanti, jornalista
Arte gráfica: Daniel Michelon De Carli, designer

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